terça-feira, 10 de março de 2015

A SEGUNDA PELE: SVENDSEN VÊ A MODA COMO UM DOS FENÔMENOS MAIS INFLUENTES DO OCIDENTE, MAS ATACA A FALTA DE ORIGINALIDADE E DE CRÍTICOS INDEPENDENTES



A moda, se for vista como arte, é uma arte bastante insignificante; é, com freqüência, uma repetição de gestos vazios

Sergio Alberti - 23.jun.08/Folha Imagem
Platéia aplaude modelos da grife alemã Sisi Wasabi, em Berlim 

ALCINO LEITE NETO
EDITOR DE MODA

Livros sobre a moda existem às pencas, mas há poucos que merecem um lugar na estante, como "Fashion - A Philosophy" (Moda - Uma Filosofia, Reaktion Books, 188 págs., 12,95, R$ 39), de Lars Svendsen. Há muito tempo a moda não é objeto de uma reflexão aprofundada, pertinente, atual e provocadora como a que é feita neste livro.
Professor na Universidade de Bergen (Noruega), Svendsen é um dos jovens pensadores europeus que merecem ser seguidos com atenção. Tem 37 anos e já publicou quase uma dezena de obras, cujos temas tratam da arte, da biologia, do mal e, agora, do trabalho -"Work", seu novo livro, será lançado na Europa e nos EUA em setembro.
No Brasil, seu único livro publicado é "Filosofia do Tédio" (Jorge Zahar Editor).
"Moda" foi lançado na Noruega em 2004. As traduções começaram a aparecer há pouco mais de um ano -em países europeus e nos EUA.
A abordagem de Svendsen é ambiciosa. Em oito capítulos, reflete sobre todos os lados do prisma da moda, tratando de suas relações com a linguagem, o corpo, a arte e o consumo. Arremata com uma reflexão sobre a "moda como ideal de vida", tal como o capitalismo avançado nos coloca.
Todos os principais filósofos e sociólogos que refletiram sobre moda passam pelo crivo e pelo debate de Svendsen -de Kant a Adorno, de Simmel a Benjamin, de Adam Smith a Gabriel Tarde, de Elias a Bourdieu. Por isso, o livro é também um precioso apanhado da (periférica) reflexão sobre moda na filosofia e na sociologia.
Svendsen possui ainda um impressionante conhecimento da história da moda e pesquisou bastante a produção do seu discurso contemporâneo. Isso lhe permite passar com desenvoltura a comentários sobre os estilistas Martin Margiela ou Rei Kawakubo (da grife Comme des Garçons).
Ele sabe o risco que corre ao escrever este livro, do ponto de vista intelectual. Sabe que fazer filosofia da moda é ser acusado de falta de substância ou seriedade. Mas, atento à atualidade, enfrenta o desafio, imbuído da certeza de que é preciso refletir sobre este que é "um dos fenômenos fundamentais do mundo contemporâneo". "A moda converteu-se em quase uma "segunda natureza" nossa", diz em entrevista à Folha.
Svendsen analisa sem piedade as pretensões artísticas da moda ("Se a moda devesse ser considerada arte, seria uma arte pouco significativa", aponta), a imprensa especializada e a criação atual dos estilistas. Também discute a incapacidade da moda em estabelecer um diálogo "com a evolução política da sociedade".
Mas seu livro não foi feito para demolir a moda e seus mitos, e sim para investigar por que o discurso sobre ela se tornou tão dominante e "totalitário", infiltrando-se na cultura em geral. Ele pretende sondar como a produção de identidade(s), hoje, está sujeita a esses paradigmas de consumo e transitoriedade que são próprios da moda.
"Não existe área alguma de nossa vida social, seja a arte, a política ou mesmo a filosofia, que não seja em grande medida regida pela lógica da moda", afirma Svendsen a seguir.


 
FOLHA - O sr. diz em seu livro que ser um "filósofo de moda" é correr o risco de ser acusado de falta de substância ou de seriedade. Por que decidiu se debruçar sobre esse assunto? 
LARS SVENDSEN - Eu havia escrito um pouco sobre moda em meu livro sobre o tédio, e ali observei que se fazia necessário um estudo filosófico mais cuidadoso da moda.
A razão pela qual a moda tem importância tão grande hoje é que ela afeta a atitude da maioria das pessoas em relação a elas próprias e aos outros. Como observo no livro, desde a Renascença ela tem sido um dos fenômenos mais influentes na civilização ocidental.
Vem conquistando cada vez mais áreas do homem moderno e se converteu quase em uma "segunda natureza" nossa.
Assim, a compreensão da moda deve contribuir para a compreensão de nós mesmos e de como pensamos e agimos.

FOLHA - O sr. diz também que nosso pensamento continua marcadamente platônico. Refletir sobre a moda é estar movido essencialmente por um antiplatonismo? 
SVENDSEN - Eu mesmo sempre desconfiei das metáforas filosóficas tradicionais de "profundidade" e "superfície", em que profundidade equivale a "verdade" e superfície é, de alguma maneira, enganoso ou falso.
Não importa qual seja o tópico filosófico que nos propomos a investigar, acho que sempre devemos tentar fazer justiça aos fenômenos em si, da maneira como se manifestam. Isso significa que também devemos levar a "superfície" a sério.
Em relação a isso, concordo com Oscar Wilde: "São apenas as pessoas superficiais que não julgam pelas aparências. O verdadeiro mistério do mundo é o visível, não o invisível".

FOLHA - Poderíamos dizer que o mercado da moda, com a sua rapidez de produção e de consumo, com a sua busca irrefreável de originalidade e substituição, tornou-se uma espécie de paradigma de marketing e negócios para o capitalismo atual? 
SVENDSEN - Moda e capitalismo são perfeitamente adequados um ao outro. O capitalismo só pode funcionar enquanto o consumidor continuar a comprar produtos novos, e o consumidor que está na moda depende de um fluxo constante de produtos novos.
O princípio da moda é criar uma velocidade constantemente crescente, para fazer um objeto tornar-se supérfluo o mais rapidamente possível, para então passar para outro.
A consciência do poder da moda é a consciência de que os produtos não vão durar; e, se vamos escolher um produto que inevitavelmente ficará ultrapassado, vamos tender a escolher a última moda, e não uma moda anterior. Os produtos não duram, nem se pretende que o façam.
Essa é uma parte importante da atração exercida pelo produto pós-moderno: daqui a pouco poderá ser substituído!

FOLHA - Para o sr., a criação em moda responde sobretudo a solicitações internas, sendo a própria moda incapaz de um diálogo com "a evolução política da sociedade". Por que a moda é tão impenetrável aos acontecimentos sociopolíticos? 
SVENDSEN - Há várias razões para que isso aconteça. Uma questão evidente na moda, e em muitas outras disciplinas estéticas, é que a maior parte da moda é baseada em modas anteriores, assim como a maior parte da arte é feita a partir de artes anteriores.
Se você quiser explicar uma determinada moda, é mais provável que encontre uma resposta plausível analisando modas passadas, em vez de tentar enxergar a moda como reflexo da realidade política ou social.
Além disso, a moda possui uma capacidade incrível de apagar o significado simbólico de tudo o que incorpora.
Foi por isso que Che Guevara pôde tornar-se um item altamente vendável em um sistema de moda capitalista. Nas camisetas com sua imagem, não resta praticamente nada da política revolucionária de Che (nem de suas mãos ensangüentadas, já que ele torturou e executou prisioneiros políticos).
Quando se vende moda, vende-se um valor simbólico; ao mesmo tempo, a moda tende a apagar esse valor simbólico muito rapidamente, de maneira que precisa constantemente buscar novos valores simbólicos que possa "canibalizar".
E o underground é um dos maiores fornecedores de tais valores simbólicos.

FOLHA - O sr. também diz que a moda é "praticamente incapaz de comunicar qualquer coisa de significativo". Comparando-a com a arte, afirma que a moda "parece encastelada num círculo onde, na prática, não faz mais que se repetir e perder pouco a pouco o significado". Isso quer dizer que ela ocupa um lugar inferior na esfera da cultura? 
SVENDSEN - Desde a separação entre a arte e o trabalho artesanal, no século 18, os alfaiates ficaram do lado do artesanato. As roupas foram colocadas na esfera extra-artística e ali permaneceram até hoje.
Desde que a alta costura foi introduzida, por volta de 1860, a moda aspira a ser reconhecida como arte plena. Essa tendência vem se fortalecendo nos últimos 30 anos.
Embora a arte às vezes encontre inspiração na moda, é mais comum que a moda tente tornar-se arte. O problema é que, embora haja instâncias de moda que estão inteiramente no nível da arte, a maior parte do que se passa na moda é artisticamente desinteressante.
De modo geral, a moda, se for vista como arte, é uma arte bastante insignificante. Com freqüência, não passa muito de uma repetição de gestos vazios que já foram consumidos no campo da arte.

FOLHA - O que o sr. quer dizer quando afirma que "hoje a moda se encontra no ponto mais baixo de sua curva criativa"? 
SVENDSEN - Que muito pouca coisa da moda criada hoje possui interesse estético. Quando vemos uma coleção nova de um estilista, a reação típica é dizer que ela é "bacana", mas que já a vimos só Deus sabe quantas vezes antes.
Anteriormente, a moda seguia uma norma modernista, segundo a qual uma moda nova deveria tomar o lugar de todas as anteriores e torná-las supérfluas. A lógica tradicional da moda é a lógica da substituição.
Nos últimos dez a 15 anos, porém, ela vem sendo definida por uma lógica da suplementação, em que todas as tendências são recicláveis e em que uma nova moda não tem por meta tomar o lugar de todas as que a antecederam, mas se contenta em suplementá-las.
A própria qualidade de ser "novo", que era essencial à moda no passado, deu lugar a uma eterna recorrência do mesmo.

FOLHA - Em contraposição a Boris Groys, que descreve a moda como antiutópica e antitotalitária, o sr. afirma que "a moda é o fenômeno mais totalitário do mundo, porque assujeitou praticamente todos os campos à sua lógica e assim se tornou onipresente". Que tipo de totalitarismo é esse? 
SVENDSEN - Ela é totalitária na medida em que praticamente não existe área nenhuma de nossa vida social, seja a arte, a política ou mesmo a filosofia, que não esteja em grande parte regida pela lógica da moda.
É um mecanismo social que tem uma capacidade espantosa de transformar todo fenômeno social com que tem contato.

FOLHA - Por que as modelos se transformaram em grandes estrelas midiáticas de nossa época? Que função elas exercem na "ideologia da realização estética" do sujeito, como o sr. escreve? 
SVENDSEN - As modelos são a mais alta encarnação de uma cultura em que nossas identidades essenciais devem estar situadas em nossos corpos, não em nossas almas. A formação da auto-identidade na era pós-moderna é, num sentido crucial, um projeto do corpo.
O corpo tornou-se um objeto de moda especialmente privilegiado. Aparece como algo plástico, que se modifica constantemente para adequar-se às novas normas que surgem. E as modelos são as representantes maiores dessas normas.
Mas mesmo elas não chegam a adequar-se às normas. Já na década de 1950 não era incomum que modelos se submetessem a cirurgias plásticas para se aproximarem das normas, por exemplo removendo seus molares posteriores para conseguir ter faces cavadas ou tendo costelas removidas para alcançar o formato de corpo desejado.
A distância entre os corpos das modelos e os corpos "normais" continua a aumentar. Assim, a norma se torna pura ficção, mas nem por isso perde sua função normativa.

FOLHA - O sr. escreve que uma razão importante pela qual a moda não obteve um reconhecimento parecido àquele atribuído às outras artes é que ela não tem uma tradição de crítica séria. Por que a moda nunca desenvolveu uma crítica séria, na sua opinião? Como o sr. imagina que deva ser essa crítica? 
SVENDSEN - Acho que ela deveria ser bastante semelhante à crítica de arte, com críticos independentes que são livres para dizer o que realmente pensam da qualidade dos objetos que submetem a seu escrutínio. Esses críticos devem, de preferência, ter uma formação em história da moda.
A maior parte do que se escreve sobre moda em revistas hoje em dia é simplesmente uma extensão da publicidade. Os redatores de moda têm medo de criticar os estilistas, já que isso poderia resultar em menos anúncios em suas revistas. Uma tradição de crítica séria de moda não poderá ser criada de um dia para outro -levará tempo.
Mas isso será necessário para que algum dia a moda possa ser realmente levada a sério como disciplina estética.

FOLHA - O sr. critica a idéia do sociólogo francês Gilles Lipovetsky -de que a moda torna o mundo mais democrático, pois substitui as disputas de fundo por um gosto da superfície- e afirma que a democracia tem necessidade dos atritos sociais e do dissenso. A moda, com seu gosto pela elitização, não é essencialmente antidemocrática? Redes como a Zara efetivamente democratizam o design de moda? 
SVENDSEN - Essas redes de fato democratizam a moda, pois a tornaram acessível a uma parte maior da população. Mas não vejo isso necessariamente como grande vitória democrática.
O número de peças de roupa que podemos encontrar no guarda-roupa do cidadão mediano não chega a ser um bom indicativo do funcionamento adequado, ou não, das instituições democráticas de seu país.

FOLHA - Em um comentário duro, o sr. diz que, se a lógica da moda se torna norma na construção da identidade, ela pode se tornar um fator desagregador. E conclui que caminhamos para a completa "dissolução da identidade". Como a moda participa disso? 
SVENDSEN - Todos nós, de alguma maneira, expressamos quem somos por meio de nossa aparência visual, e essa expressão vai necessariamente dialogar com a moda. E os ciclos de moda cada vez mais acelerados indicam um conceito mais complexo do eu, porque o eu se torna mais transitório.
O consumidor pós-moderno não consegue firmar uma identidade pessoal viável por meio de seu consumo porque o fato de esse consumo focalizar o transitório enfraquece a formação da identidade. Se nossa identidade é diretamente vinculada às coisas que nos cercam -ou seja, ao valor simbólico das coisas-, essa identidade será tão transitória quanto são aqueles valores simbólicos.

FOLHA - O sr. vê alguma relação entre moda e tédio? 
SVENDSEN - Essa relação existe. A moda cria uma mentalidade inquieta e agitada, na qual nos entediamos muito facilmente e constantemente ansiamos por algo novo e "interessante".
Como observei em meu livro sobre o tédio, o olhar estético precisa ser estimulado por uma intensidade aumentada ou, de preferência, por algo novo.
Vale observar, entretanto, que o olhar estético tem a tendência a recair no tédio -um tédio que define todo o conteúdo da vida de maneira negativa, porque é aquilo que precisa ser evitado a qualquer preço. O consumo de moda funciona como uma espécie de entretenimento, e é uma maneira cada vez mais comum de combater o tédio. Passamos a ser cronicamente estimulados por um fluxo constante de fenômenos e produtos "novos", mas também nos entediamos mais rapidamente, em igual medida.



Tradução de Clara Allain . 

ONDE ENCOMENDAR - Livros em inglês podem ser encomendados pelo site 


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quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Concreto e cotidiano de SP são mote para desfiles

Alexandre Herchcovitch faz releitura do 'streetwear' usando seda e veludo

Ellus aposta em logos; modelos pintadas de Ronaldo Fraga criticam 'sonambulismo' de moradores das cidades
ANGELA BOLDRINIDE SÃO PAULOPEDRO DINIZCOLUNISTA DA FOLHA
Os principais estilistas e marcas que desfilaram no terceiro dia da São Paulo Fashion Week exploraram indiretamente as imagens e as transformações sociais das grandes cidades em suas coleções de inverno 2015.
O concreto da arquitetura modernista, o cotidiano de uma São Paulo molhada pela chuva e os tipos de humanos que transitam pelas ruas saltaram da passarela de Alexandre Herchcovitch.
A coleção do estilista é caprichada em materiais nobres, como a seda e o veludo, que se contrapõem à releitura elegante do "streetwear" proposto pelo designer.
Capas de chuva sobrepostas a xadrezes que remetem ao punk --movimento que, especula-se, terá retorno glorioso no próximo ano--, vazados quadriculados saídos das janelas dos prédios e uma confusão de cores típicas das metrópoles produziram a imagem mais interessante da temporada até agora.
A grife Ellus também desfilou na manhã de quarta (5) no mesmo local de Herchcovitch: a Praça das Artes, na av. São João, coração do centro da capital paulista.
Na coleção dos estilistas Adriana Bozon e Rodolfo Souza, as pinceladas do artista plástico Stephen Sprouse foram traduzidas em estampas que fazem par com a retomada dos anos 1980 e 1990 proposta pela dupla.
A logomania, explorada na inscrição Ellus São Paulo nas costas das jaquetas e dos vestidos bomber permeou boa parte da coleção.
O viés fetichista, comum à grife paulistana, esteve presente nos tops de fitas de couro um tanto sadomasoquistas e nas estampas de cobra das gangues urbanas.
O mineiro Ronaldo Fraga criticou a verticalização das cidades e o "sonambulismo" de seus moradores.
Pintadas de "vermelho raiva" de stress e com quatro olhos para acompanhar a rapidez do cotidiano, as modelos desfilaram looks com detalhes geométricos, muitos na cor cinza concreto.
Ronaldo criou uma coleção não só para a cliente adepta de suas estampas lúdicas e do trabalho manual dos bordados, mas também para aquelas que frequentam os coquetéis dos centros financeiros das grandes capitais.
Essa mulher moderna curte esportes e cuida do corpo. Nada mais correto do que o esportivo, tendência chave da temporada internacional, surgir na passarela paulistana.
Na coleção do estilista Vitorino Campos, a esportista mergulha no azul profundo da piscina. A cor é o fio que conduz a série de vestidos curtos e os looks elegantes com amarrações na cintura.
O estilista baiano, mestre em construções, aplica transparências no busto e assimetria na barra das saias e cria o "sportswear" mais sensual apresentado nesta estação. Folha, 06.11.2014.

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

De la Renta não era apenas 'um vestido bonito'



Estilista dominicano, morto na segunda (20), era o preferido das primeiras-damas e de estrelas de Hollywood

PEDRO DINIZCOLUNISTA DA FOLHA
O dominicano Oscar de la Renta, 82, era um dos últimos nomes de um tipo de estilista que, ironicamente, é cada vez mais escasso no mundo da costura: o que sabe costurar.
Se para criar roupas hoje não é preciso saber desenhar ou mesmo pregar um botão, o designer, morto nesta segunda (20) --a causa não foi divulgada--, nos EUA, ensinou que não bastam ideias ou programas de computador para criar o deslumbre, é preciso alinhavar o intangível à mão, antes que uma roupa se torne palpável.
A técnica versátil e a disponibilidade em ouvir o desejo das mulheres, e não os seus, fez com que desenhasse para todas as primeiras-damas americanas desde Jacqueline Kennedy, cujo guarda-roupa de festa era repleto de designers franceses e, ao apostar em De la Renta, o tornou reconhecido entre as americanas nos anos 1960.
Não há quem lhe tire esse posto, nem a atual primeira-dama Michelle Obama, que, mesmo optando por vestir os jovens designers americanos e já tendo sido bombardeada pelo próprio De la Renta, em 2011, ao usar um look da grife inglesa Alexander McQueen, trajou pela primeira vez um "vestido coquetel" (mais curto e acinturado) do estilista 12 dias antes de sua morte.
OSCAR E OSCAR
Ousadias e faro para as mudanças fizeram parte da sua trajetória. A primeira delas foi deixar o ateliê do seu mentor, o espanhol Cristóbal Balenciaga (1895-1972), em Madri, e mudar-se para Paris, o paraíso da alta-costura.
Depois, em 1963, deu um lance ainda mais alto: largou o sonho de Paris e mudou-se para Nova York, no país onde o prêt-à-porter começava a dar lucros e onde conquistou as estrelas de Hollywood.
Xará da premiação mais importante do cinema mundial, De la Renta era a opção segura das atrizes que não encontravam "a roupa perfeita" entre as opções de looks oferecidos pelos estúdios.
Certa vez, Stefano Gabbana, dupla de Domenico Dolce na grife italiana Dolce & Gabbana, disse: "Atrizes mudam de opinião a todo momento, se sentem inseguras facilmente. Acho um saco essas alterações de humor delas no Oscar, não tenho paciência". Oscar tinha.
Amy Adams, Jennifer Garner, Sarah Jessica Parker, Penélope Cruz, Cameron Diaz, Anne Hathaway. É longa a lista de mulheres que elegiam os vestidos suntuosos do estilista em vez das construções que tentavam ser inovadoras e podiam comprometer o resultado da atriz na lista das mais bem-vestidas.
A grande ousadia da sua cartilha, por fim, era não transformar radicalmente o corpo da mulher, mas sim deixá-la confortável e, como já disse a ex-secretária de Estado dos EUA Hillary Clinton, citando o amigo, "especial".
Ele próprio se divertia definindo a si mesmo como "um vestido bonito", disse ao New York Times. Contra um vestido bonito, De la Renta sabia, não há argumentos. Folha, 22.10.2014.
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segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Pijamaço em Paris

Na semana de moda mais importante do mundo, grifes de luxo mostram roupas que parecem feitas para dormir

PEDRO DINIZENVIADO ESPECIAL A PARIS
Você faz o tipo que usa camisola, lingerie sexy ou um bom e velho pijamão? Quem faz essa pergunta, que pode até parecer esdrúxula, são algumas das grifes de luxo e estilistas cujas apostas são disseminadas no varejo mundial.
Rochas, Dries Van Noten, Maison Martin Margiela, Nina Ricci, Chalayan, Yohji Yamamoto e a marca símbolo desse movimento, Christian Dior, promoveram um verdadeiro "pijamaço" na semana de moda de Paris.
Esta temporada de verão 2015 só termina na próxima quarta (1º), mas já mostrou que metade dos seus principais nomes quer vestir as clientes com versões elegantes, cheias de brocados e camadas de seda ou renda, do look de cama.
1970 x 1990
O tiro é certeiro. As referências são, em sua maioria, as mesmas que permearam as temporadas de Nova York, Londres e Milão: o romantismo libertário e florido dos anos 1970 --década-chave dos desfiles na cidade italiana--, o "streetwear" dos 1990 --que definem boa parte das coleções desde a temporada passada-- e, em menor grau, o militarismo um tanto austero dos 1940.
No entanto, ao retroceder o relógio da moda até os séculos 18 e 19, épocas em que as roupas eram verdadeiras instalações de arte com detalhes minuciosos de fios de ouro e rendas do tipo chantilly, os estilistas aproximam o prêt-à-porter (o "pronto para vestir" produzido em série) da alta-costura.
Dries Van Noten criou a hippie elegante e colorida com seus pijamas meio século 19 meio anos 1970, mas foi a desconstrução do robe francês do século 18 capitaneada pelo belga Raf Simons, da Christian Dior, que alçou essa festa do pijama a baile de gala.
Simons reconstruiu o velho pensando no futuro ao misturar os casacos masculinos da realeza do século 18 com bermudas esportivas --o esporte, vale lembrar, é tendência absoluta nas passarelas-- e apostando em "camisolões" brancos com vazados de renda.
O "pijamismo" em Paris pode ser visto como extensão da macrotendência fashion desta década, o "normcore".
NORMALISMO
O conceito foi criado pela agência brasileira Box1824, do publicitário Rony Rodrigues, em parceria com o coletivo americano de arte K-Hole. O "normcore" define a onda normal, sem firulas, leve e desprendida dos padrões de consumo imediato que os jovens devem adotar em suas vidas.
Ele desemboca nessa moda sonolenta, "pijamista" e quase relaxada --não fosse o trabalho minucioso de construção da roupa, cheias de recortes e aplicações.
"Eu usaria só pijama se pudesse", confidenciou uma importante diretora de revista no pé do ouvido deste colunista. Não é só ela.
A Maison Martin Margiela, principal grife da ala "minimalista de vanguarda" da semana de moda, sabe que as transparências dos vestidos camisola e dos robes beges, amarrados na cintura e combinados com bermudas de alfaiataria, podem fazer a cabeça das modernas.
ERÓTICA
Modernas que amam os logos dos anos 1990 e, agora, podem combiná-los com as camadas de renda da camisola do século 19 com toques esportivos da grife Rochas. Um "R" estampa parte dos looks da coleção do estilista Alessandro Dell'Acqua.
O cipriota Hussein Chalayan, por sua vez, entende que, nessa volta à essência do básico, a natureza tem um papel fundamental na vida das pessoas. Em sua coleção, os "pijamas" com verde floresta fazem par com as referências à arquitetura dos mouros.
Até a grife italiana Nina Ricci se rendeu a essa festa do pijama "normcore". Mesmo tendo apostado em peças típicas dos anos 1940, como a saia justa até o joelho e blazers mais fechados, contrapõe o peso da década da Segunda Guerra com alguns vestidos rendados, quase como lingerie erótica. 

Estilista usa técnica de 3D em tecido elástico

DO ENVIADO A PARIS
As técnicas de 3D aplicadas na moda vieram para ficar. Prova disso foi o desfile da grife japonesa Issey Miyake, que levou à sua passarela de verão 2015, na sexta (26), durante a semana de moda de Paris, um tecido elástico que saltava em formato de origami do corpo da mulher.
O estilista da grife e pupilo de Miyake, Yoshiyuke Miyamae, que assumiu em 2011 a direção da marca após a aposentadoria do fundador, é mestre na construção de roupas produzidas a partir de conceitos geométricos e esteve à frente do desenvolvimento do tecido.
Sob sua batuta, a Issey Miyake produziu coleções ovacionadas pelo caráter inovador. Na temporada passada, Miyamae criou uma bolsa que, quando aberta, virava um vestido.
"O grande desafio é manter essa simplicidade, essa moda divertida que ele [Issey Miyake] pregava acima de tudo", conta o estilista à Folha.
"Nesta coleção, eu desenvolvi todos os vestidos a partir de programas de computador para ter essa exatidão do movimento e das formas."
As modelos desfilavam vestidos com relevos e recortes assimétricos perfeitamente posicionados no colo e em pontos da barra.
O "pleats please", os plissados que são o maior legado de Issey Miyake na moda, apareceram pontualmente em vestidos de cores vivas, como os que misturavam tons de laranja e amarelo.
PERFORMANCE
Em seu desfile, performático, a artista sonora japonesa Ei Wada, membro do grupo de musicistas Open Reel Ensemble, criava sons a partir de rádios vintage.
Quando acionados por ela, a partir de um piano, eles moviam balões de hélio para criar um som semelhante a um zumbido de rádio.
"Os shows têm de ser uma extensão do que você propõe compartilhar com as pessoas a partir das roupas", afirma Miyamae. Folha, 29.09.2014

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Alexander Wang desafia o equilíbrio

A lista de tudo o que o estilista Alexander Wang, 30, não aparenta ser é longa. À primeira vista, ele não passa a impressão de ser uma figura simbólica.
Não tem a aparência de alguém capaz de mudar os padrões vigentes no setor em que atua. Não se parece com o diretor de uma maison parisiense famosa. Não tem jeito de ser alguém que faz malabarismos com grifes, pessoas e responsabilidades.
Ele parece um clubber que se veste de preto. Mas, se a moda nos ensina algo, é que as aparências enganam. Porque Alexander Wang é todas as alternativas acima.
Em 2012, cinco anos depois de inaugurar sua grife própria, que leva seu nome, e virar queridinho da moda em Nova York, Wang chocou o mundo da moda quando também foi nomeado diretor criativo da Balenciaga, tornando-se não apenas o primeiro americano em mais de dez anos a comandar uma maison francesa como o primeiro designer desde a recessão a tentar comandar duas grifes.
Hoje, ele passa seu tempo voando entre Paris e Nova York, morando num apartamento em Manhattan e um hotel cinco estrelas em Paris e alternando-se entre uma empresa familiar e um conglomerado gigante (a Balenciaga pertence ao grupo Kering, também dono da Saint Laurent, da Gucci e da Alexander McQueen).
Com isso, Wang virou foco de uma discussão. "A pergunta é: até que ponto um estilista é capaz de ter duas cabeças?", disse Robert Burke, ex-diretor de moda da Bergdorf Goodman.
No início de sua quarta temporada no comando de duas grifes, Wang também começou a criar uma coleção para a H&M. "Para fazer isso tudo funcionar, tem sido importante aprender a me desapegar", comentou recentemente.
De um lado estão aqueles para quem concentrar-se em uma maison apenas é a melhor maneira de garantir o sucesso. Em outubro, Marc Jacobs deu fim a 16 anos de Louis Vuitton para concentrar-se em sua marca própria.
A Hermès escolheu seu primeiro diretor artístico de moda feminina em 14 anos para não ter outra grife e Riccardo Tisci, que fechou sua grife própria quando foi trabalhar para a Givenchy, em 2005.
Do outro lado, estão nomes mais jovens que, como Wang, pensam que dois pode ser melhor que um. Jonathan Anderson, que completa 30 este mês, foi nomeado diretor criativo da Loewe no fim de 2013 e conservará sua grife própria.
Jason Wu, 31, com sua própria marca, foi nomeado diretor criativo de moda feminina da Hugo Boss em 2013, e Jeremy Scott, 39, que no ano passado assumiu a Moschino além de sua grife.
Os membros do grupo novo simplesmente são jovens demais para conhecer seus limites? Ou estará ocorrendo uma mudança fundamental de paradigma?
"No primeiro momento, senti medo, é claro", disse Wang. "Quando a Kering me procurou, num primeiro momento eu disse 'não'. Quando comecei a pensar seriamente no assunto, ninguém me falou que eu estava louco, mas que eu precisaria me proteger."
Alexander Wang foi criado em San Francisco e abandonou a Parsons the New School for Design em 2007, depois de dois anos, para criar seu próprio negócio, que desde então cresceu e passou a incluir moda masculina e uma linha menos cara, a T by Alexander Wang.
"O mais importante é ter uma visão muito forte e saber articular essa visão", comentou Simon Collins, diretor de moda na Parsons. "Se você vai trabalhar em duas maisons, não pode colocar-se simplesmente como observador, assistindo à evolução delas."
O estilista Michael Kors, que entre 1997 e 2004 também foi diretor criativo da Célina, opinou: "O que é preciso é sobretudo resistência".
Num primeiro momento o mundo da moda especulou que a contratação de Wang pela Balenciaga assinalaria que a marca de alta-costura ia "descer de seu pedestal altivo", como escreveu Suzy Menkes no "International New York Times".
François-Henri Pinault, o executivo-chefe da Kering, disse que foi exatamente a diferença entre a grife de Alexander Wang e a Balenciaga que fez a empresa voltar sua atenção ao estilista.
"Analisamos com cuidado se as grifes eram compatíveis ou competitivas. Vimos a grife dele como sendo tão diferente, em termos de mercado e identidade criativa, que não seria um problema."
Na verdade, a impressão que se tem é que o acesso de Wang ao ateliê e às fábricas da Balenciaga refinou sua grife própria; sua última coleção foi nitidamente mais sofisticada que as anteriores. 
É possível que Wang decida que, para sua marca explodir, ele precisa dedicar-se a ela com exclusividade. Ou então que ele precisa de um tipo de equilíbrio diferente.
"Pode ser que em algum momento eu queira ter mais vida pessoal", ele disse, "ou que eu pense 'não aguento mais embarcar em aviões', mas não defini um limite. Quando penso em parar e voltar a fazer apenas Wang...". Ele fez uma pausa. "Não sei como eu faria. Não consigo imaginar." 

Internautas mostram estilos do hijab

Por HANNAH SELIGSON

Alguns anos atrás, Ascia Farraj ficava frustrada ao acompanhar a blogosfera da moda. Como islâmica que usa o véu conhecido como hijab, ela raramente via alguém com quem se identificasse. Apaixonada pela moda em uma cultura conservadora, decidiu criar um blog próprio.
Hoje, Farraj, 24, tem quase 900 mil seguidores em sua conta do Instagram, ascia_akf, que acompanham seus modelos de roupas com muito estilo, mas discretas, de marcas como Diesel e BCBG (alguns dos posts são patrocinados por empresas no Kuait, onde mora).
Não faz muito tempo, era considerado radical que uma mulher muçulmana postasse sua foto on-line, disse Farraj. "Fui uma das primeiras blogueiras com foco em estilo pessoal a mostrar o rosto."
De acordo com o Alcorão e a Suna, as mulheres têm de cobrir o corpo e só podem mostrar mãos, pés e rosto.
Mas algumas jovens decidiram que austeridade não significa ficar fora de moda. As redes sociais, e o Instagram em particular, são uma oportunidade de conseguir uma fatia do espaço da moda reservado a quem expõe mais a pele ou usa roupas coladas no corpo.
"Um monte de garotas muçulmanas que usavam o hijab cansaram de ouvir que não podiam estar na moda ou que tinham mesmo de ser deselegantes ou não ter muitos cuidados ao se vestirem", disse Melanie Elturk, 29, fundadora do Haute Hijab, empresa de Chicago que tem uma página no Instagram repleta de mulheres sorridentes usando lenços brilhantes, e de modo algum parecendo deselegantes.
Yasemin Kanar, 25, blogueira de moda e empresária criada em Miami, tem vídeos sobre hijabs que já foram vistos mais de 1 milhão de vezes. Sua conta no Instagram, YazTheSpaz89, tem mais de 77 mil seguidores.
"As pessoas hoje estão tentando se destacar com seu estilo", disse Kanar, que estudou biologia na Universidade Internacional da Flórida. "Elas não querem parecer umas com as outras."
O hijab costumava ser visto no Ocidente de forma a alimentar controvérsias e conduzir ao estereótipo das mulheres muçulmanas como oprimidas. O Instagram parece mudar a discussão ao focar na estética do véu.
"Dez anos atrás, se você dissesse que estava usando um hijab por questão de moda, as pessoas iriam rir de você", disse Zulfiye Tufa, 24, fundadora do Hijab Stylist, com sede em Melbourne, na Austrália, e que planeja introduzir uma linha própria de moda no último trimestre deste ano.
Todos os dias Tufa posta um "selfie" com hijab para seus mais de 16 mil seguidores no Instagram. "As pessoas costumavam sentir pena de nós e pensavam que devíamos estar com vergonha de nós mesmas por termos de nos cobrir", disse ela.
"Mas agora elas veem todas essas fotos em que estamos sorrindo e parecendo felizes e na moda, e compreendem que ele não é um sinal de opressão."
Mas há tensões entre a moda e a fé. Ao postar suas fotos, Kanar, como outras blogueiras do hijab, se tornou um alvo no debate sobre moda e religião. Um comentarista disse a Kanar que ela deveria ficar em casa com o marido em vez de ir para a internet.
Souheila al-Jadda, 39, editora do "The Islamic Monthly", situa a explosão do hijab nas redes sociais num meio termo entre os valores americanos e os muçulmanos. "Como você concilia os dois?" ela pergunta. "Isso é algo que as pessoas jovens terão de dimensionar."
Por ora, algumas dizem que o Instagram as protege de ataques violentos em termos de julgamento moral, porque a geração mais velha não se inseriu plenamente nessa rede social do mesmo modo que no Facebook. "Os idosos não sabem o que acontece no Instagram", disse Elturk. NYT, 23.09.14

Moda se rende a ambientes mais casuais

RESENHA - GUY TREBAY

O grande desafio para estilistas de moda masculina é causar impacto dentro de um leque limitado de opções e sem recorrer a macetes óbvios. Esse desafio foi encarado mais uma vez no início deste mês, c

om o início da temporada de desfiles de moda masculina para a primavera de 2015.
As criações apresentadas levam em conta uma geração de consumidores que está entrando no mercado de trabalho e introduzindo novos hábitos nos espaços profissionais, como não usar mais terno e gravata.
Esse é um indício de que no futuro o uniforme de trabalho poderá incluir até blusões de moletom.
Essa tendência já é visível aqui no jornal. Quando entrei na equipe de resenhistas em 2000, a redação era dominada por homens de meia idade com camisas brancas e gravatas.
Agora, é povoada por um grupo mais jovem e diversificado de jornalistas, os quais podem vir trabalhar de terno e gravata ou com roupas esportivas.
Os estilistas já haviam percebido isso. Nos desfiles de dez estilistas independentes houve obviamente algumas roupas estruturadas e algumas releituras insossas de criadores como Jessy Heuvelink, da grife sueca J. Lindeberg, que tentou reanimar a velha temática roqueira.
Todavia, alguns estilistas, como o talentoso hondurenho Carlos Campos, mostraram criações mais promissoras que representam um meio termo entre técnicas de alfaiataria tradicionais e uma linguagem estilística mais orgânica, com elementos casuais e esportivos.
Inspirada em desenhos feitos nas ruas pelo artista espanhol Eltono, a coleção de Campos tem padrões gráficos arrebatadores, jaquetas de neoprene e ternos com calças mais curtas, evocando criações recentes do estilista Neil Barrett, de Milão, porém com mais senso de humor.
No entanto, os blusões de moletom com colagens certamente serão adotados por algum tempo.
Listras grossas como faixas pintadas no asfalto foram sobrepostas nesses blusões de uma maneira que os faz parecer não apenas plausíveis, como lógicos, para se usar no trabalho ou nas horas de lazer.
Campos também deu um toque travesso às calças, inclusive de ternos, dotando-as de bainhas iguais às de calças de moletom.
Outros destaques divertidos foram a coleção elegante de David Hart, inspirada nos modernistas de Palm Springs e com tons pastéis de deserto; e a do estilista argentino Lucio Castro, cujo tema foi um verão soviético, que brinca com a dualidade dos prazeres litorâneos sensuais em meio à austeridade paranoica da Cortina de Ferro.
"Steve Jobs [co-fundador da Apple] mudou o conceito de trabalho e do vestuário de pessoas 'bem-sucedidas'", disse Castro, cujos modelos desfilaram diante de um tecido leve no qual eram projetadas cenas litorâneas, enquanto um acordeonista tocava canções melancólicas.
Ele apresentou apenas um terno, e os pontos altos do desfile foram calças e blusões esportivos feitos com antigas toalhas de praia com logos como Croácia, Letônia e Belarus.
"Nós e nossos amigos não usamos terno para trabalhar", disse Timo Weiland, dono da grife homônima.
A marca apresentou uma coleção descontraída, com a criação a cargo de Alan Eckstein e Donna Kang, com ternos com bermuda, calças fluidas com grafismos e capas de chuva que parecem feitos de encomenda para uma geração de homens que se sentem à vontade tanto fazendo negócios na praia quanto em um Starbucks ou em uma sala de reuniões. NYT, 23.09.14

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